O IPCA de janeiro de 2025 registrou a menor alta desde 1994, mas será que isso significa que a inflação está controlada? Descubra o impacto real desse índice, o papel do Bônus Itaipu e se ainda vale a pena investimentos atrelados à inflação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal termômetro da inflação no Brasil, subiu apenas 0,16% em janeiro de 2025. Essa é a menor variação já registrada para o mês desde o início do Plano Real, lá em 1994! Se compararmos com dezembro, quando o índice foi de 0,52%, a diferença é significativa. Mas será que essa é uma boa notícia?
A resposta não é tão simples. Esse número mais baixo não significa necessariamente que os preços estão caindo de forma consistente. O grande responsável por essa "trégua" na inflação foi um fator pontual: a queda de 14,21% na conta de luz, graças ao chamado Bônus Itaipu. Esse desconto ajudou a reduzir o custo da energia elétrica e teve um impacto direto no IPCA, derrubando a inflação em 0,55 ponto percentual.
Além disso, olhando para um período mais longo, a inflação acumulada em 12 meses ainda está em 4,56%, um pouco menor que os 4,87% registrados anteriormente.
O que é o Bônus Itaipu e como ele impactou sua conta de luz?
O Bônus Itaipu nada mais é do que um alívio no bolso dos brasileiros. Esse desconto foi possível porque a hidrelétrica binacional de Itaipu acumulou um saldo positivo nos últimos anos e, com isso, conseguiu reduzir as tarifas de energia para os consumidores.
Na prática, isso significa que muitas pessoas pagaram menos pela conta de luz em janeiro. Como a energia elétrica pesa bastante no cálculo da inflação, essa redução fez com que o IPCA ficasse mais baixo.
Mas atenção: esse efeito é temporário. Se a energia elétrica subir nos próximos meses, a inflação pode voltar a acelerar.
Inflação: perigo controlado ou risco à vista?
Apesar do alívio momentâneo, os especialistas alertam que a inflação ainda não está sob controle. Alguns itens essenciais, como alimentação e serviços, continuam subindo e pressionando o custo de vida. Isso significa que, mesmo que a conta de luz tenha ficado mais barata, outros preços seguem pesando no orçamento.
Além disso, as projeções para o ano indicam que a inflação pode continuar acima da meta do governo, o que exige atenção. Afinal, manter o poder de compra e proteger o patrimônio em tempos incertos é sempre uma boa ideia.
E os investimentos atrelados à inflação? Ainda valem a pena?
Nos últimos meses, quem apostou em investimentos indexados ao IPCA viu bons retornos. A comparação entre IPCA e CDI, divulgada pela XP Investimentos, evidencia como esses ativos se comportaram diante do cenário inflacionário.

O gráfico mostra quem investiu no CDI nos últimos 10 anos, teve um retorno de 163%. No entanto, quem investiu nos títulos IMA-B (inflação +), teve um retorno de 231%.
Com a inflação ainda como um fator de risco relevante, ativos como Tesouro IPCA+, debêntures incentivadas e fundos de inflação continuam sendo alternativas atrativas para investidores que buscam proteção e rentabilidade real.
Para investidores, manter uma parte do portfólio atrelada ao IPCA, além da rentabilidade real, segue sendo uma estratégia inteligente para garantir proteção contra a perda do poder de compra no longo prazo.

Marlon Alves
Head de Renda Fixa e Assessor de Investimentos GB
Certificado Ancord e CVM.
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